Identidade, história e acervo das bibliotecas escolares: um recorte racial.
um recorte racial.
Palavras-chave:
Literatura Negra; Bibliotecas Escolares; Representatividade Racial.Resumo
Partimos do entendimento de que as bibliotecas escolares devem ser espaços organizados de forma a refletir a diversidade racial, patrimonial e cultural da sociedade, também lugar de memória e, ainda, um ambiente de criação e troca de experiências (Campello, 2002). Nesse sentido, o acervo deve ser plural, pedagógico e de identidade representativa de todos os sujeitos em formação escolar, sem distinções. O objetivo do trabalho é compreender as condições históricas que determinaram as identidades e o acervo das bibliotecas escolares, com recorte para as questões raciais negras, em escolas públicas de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, localizadas na região central do Rio Grande do Norte. Para o processo de análise e alcance do objetivo proposto fizemos estudos teóricos centrado nas categorias que sustentam a pesquisa, ou seja, biblioteca escolar (Campello, 2002); estudos críticos emancipatórios (Santos, 2007; Freire, 2000); interculturalidade crítica, colonização, decolonização (Fanon, 2008; Gomes, 2006; Mignolo, 2017; Quijano, 2010; Walsh, 2009) e educação étnico-racial (DCNERER, 2004; Lei nº 10.639/2003). Esses fundamentos questionam as ideias construídas através de uma única via, o paradigma colonial eurocêntrico, historicamente hegemônico e racista. A pesquisa adotou uma abordagem metodológica qualitativa (Minayo, 1997), através da Análise de Conteúdo (Bardin, 1997). Procedemos com observações, levantamento dos acervos e aplicação de questionário às responsáveis pelas bibliotecas escolares e Salas de Leitura. Os resultados revelaram que a maioria dos espaços destinados às bibliotecas/salas de leitura, com exceção de uma escola, foram adaptações de ambientes originalmente projetados para outros fins, como salas de aula e de informática. Tanto é, que não foram disponibilizados, no decorrer das visitas, livros de registros ou projetos arquitetônicos e de construção das bibliotecas escolares. Também não tivemos acesso a fotos ou relatórios das criações. Essa realidade, associada à falta de planejamento na organização temática da literatura, considerando que apenas 2,5% do acervo total é de literatura negra, agrava o problema da identidade, contrariando a ideia da biblioteca escolar como lugar de aprendizagem, de pesquisa, de descoberta e de discussão da pluralidade identitária e comprometendo o potencial das bibliotecas/salas de leitura, de promover a inclusão das diferentes culturas, sobretudo de origem negra e afrodescendente.