As Bibliotecas Escolares na visão dos/das responsáveis pelo espaço e empréstimos de obras literárias nas escolas e a questão racial negra.

Autores

Palavras-chave:

Literatura Negra; Bibliotecas Escolares; Representatividade Racial.

Resumo

Este estudo aborda as bibliotecas escolares, seus acervos e a organização da literatura negra. O objetivo é expandir os estudos na área étnico-racial e proporcionar novos conhecimentos, produzidos e interpretados a partir de uma perspectiva decolonial e crítica. Os fundamentos teóricos que dão base às análises e reflexões estão enraizados nas perspectivas dos estudos decoloniais e interculturais (FANON, 2008; GOMES, 2006; MIGNOLO, 2007; QUIJANO, 2005; WALSH, 2009); estudos críticos emancipatórios (FREIRE, 2004, 2000; SANTOS, 2007, 2005) e educação étnico-raciais (DCNERER, 2004; LEI 10.639/2003), serão fundamentais na construção do pensamento com vistas a análise dos dados e a produção do conhecimento. A investigação que foi realizada é de natureza qualitativa, acreditando que essa é a abordagem mais adequada para apreensão, interpretação e compreensão da realidade em questão.  Utilizamos a Análise de Conteúdo como metodologia, que envolve levantamento bibliográfico, análise da realidade e aplicação de questionários às responsáveis pelas bibliotecas. O estudo está organizado em etapas: a primeira acontece nas escolas, são as visitas às bibliotecas para observações e indagações sobre a sua organização e o acervo racial negro. A segunda etapa trata-se do questionamento, às bibliotecárias, sobre o desenvolvimento de atividades e os marcos étnico-raciais. A terceira é a análise documental, a partir dos registros de empréstimos pelas crianças da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Os resultados mostram que as bibliotecas escolares oferecem oportunidades para leituras e debates sobre conhecimentos e representatividade das populações negras. No entanto, nas bibliotecas analisadas, o acervo limitado e sua organização tendem a favorecer o predomínio de saberes e culturas brancas. Os resultados têm referência nos questionários aplicados nas 8 (oito) escolas que foram visitadas em 4 (quatro) cidades diferentes do RN-central. Dessa forma, nas visitas que foram feitas em cada biblioteca escolar, o grupo fez a contagem de todo o acervo existente e, em particular, a contagem do acervo de literatura infanto-juvenil negra. Logo, ao apresentarmos o total de livros existentes nas bibliotecas escolares pesquisadas e, na sequência de cada registro, oferecemos a fração que caracterizamos como sendo de literatura negra. Essa caracterização considerou a sinopse ou leitura rápida das histórias e as imagens, entendendo-as como indicativo estético de representatividade racial. Esses quantitativos evidenciam que as bibliotecas escolares investigadas não possuem, no campo literário infanto-juvenil, um quantitativo vasto de obras negras que possam representar os/as estudantes negros. Essa ausência de representatividade prejudica o processo educativo das crianças negras, se faz necessário  descolonizar, acabar com o silenciamento de uma cultura rica de tradições e de luta, como Fanon (1963) vai dizer que: A descolonização realmente é criação de homens novos. Pensando nisso, para enfrentar essas desigualdades e promover uma representatividade significativa da criança negra, é essencial desenvolver um trabalho educativo antirracista e decolonial. Considerando formas e conteúdos culturais que possibilitem o reconhecimento da identidade negra, favorecendo a construção de uma diversidade, além de incentivar o protagonismo infantil negro como um caminho para a libertação e emancipação das limitações históricas.

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Biografia do Autor

Ana Maria Pereira Alves, Universidade Federal Rural do Semi-árido

Graduada em Pedagogia, com Habilitação Supervisão Educacional pela Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (UERN-1983), possui mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE-2001) e doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN-2009). Professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN 1995-2003). Professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN 2003-2019). Atualmente professora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Membro do Grupo de Pesquisa e Extensão em Educação da Infância, Cultura, Currículo e Linguagem (EDUCLIN). Tem experiência de ensino e gestão na Educação Básica e na Educação Superior. Atua principalmente nos seguintes temas: currículo, curso de pedagogia, formação do professor, educação das relações étnico-raciais.

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 3: Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas, Linguística, Letras e Artes