Competências de estudantes de medicina para a prevenção, identificação e condução de situações de Violência Obstétrica
Palavras-chave:
; Violência contra a mulher, Violência obstétrica, Atenção à saúde, Direito à saúde, Formação Profissional em saúdeResumo
A violência obstétrica (VO), trata-se de um compilado de negligências realizadas por equipes de saúde com as mulheres, seja elas gestantes parturientes ou puérperas, durante o ciclo gravídico-puerperal. Inclui práticas ultrapassadas e desaconselhadas cientificamente, que submetem as pacientes em situações de desrespeito, infringindo seu direito à saúde e gerando danos físicos e psicológicos. Atos de VO podem ser assimilados ou contestados desde a formação médica, a partir de como conhecimentos, habilidades e atitudes são construídas. Dessa forma, no presente estudo foram analisadas entrevistas realizadas com estudantes de medicina acerca da percepção destes com relação à VO e correlacionadas com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de medicina e os Projetos Políticos e Pedagógicos (PPP) de universidades públicas da cidade de Mossoró-RN. Assim, foi feita uma pesquisa qualitativa, por meio da Análise Documental das DCN e PPP dos cursos de medicina da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) e da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), elaborando uma síntese para responder aos objetivos propostos. Concluiu-se, desse modo, que os estudantes têm vivenciado a prática profissional em cenários atravessados pela VO. São cenários institucionais marcados pela não utilização de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, pela banalização da dor e pela limitada autonomia das pacientes. Esses contextos vão de encontro ao que é preconizado pelas DCN e, apesar de correlatos com as diretrizes, os PPP dos cursos não sinalizam a VO como parte integrante da grade curricular e dos espaços de ensino-aprendizado práticos. A VO é uma realidade e é de singular importância que a formação médica paute o assunto de maneira que os profissionais saibam e sintam o dever de agir perante situações de VO na sua prática médica futura.