Movimento antivacina e os impactos na cobertura vacinal.

Resumo

A vacinação é um importante instrumento para o controle e combate de doenças imunopreveníveis e, ao longo dos anos, tem mostrado seus resultados de forma global ao erradicar doenças que antes dizimavam milhares de pessoas. O Brasil apresenta uma das melhores estratégias de operacionalização da vacinação, sendo reconhecido internacionalmente pelo sucesso das campanhas de imunização. Entretanto, nos últimos anos, as taxas de cobertura vacinal têm caído, acompanhando uma tendência global relacionada a diferentes fatores, como a falta de conhecimento sobre as vacinas, desconfiança quanto à sua segurança e diversas outras questões envolvendo tanto usuários, quanto profissionais de saúde. O presente estudo objetivou analisar a percepção e atuação dos profissionais de saúde do município de Mossoró/RN acerca da vacinação e seu impacto na cobertura vacinal. Para isso, foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, de caráter exploratório, por meio de entrevistas com profissionais de saúde de 2 Unidades Básicas de Saúde (UBS) com os menores índices vacinais da cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte, perfazendo uma amostra de 15 participantes após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão pré-definidos. Foi utilizado um questionário semiestruturado como instrumento de coleta de dados, sendo as respostas registradas e depois transcritas. Os dados foram submetidos à técnica de Análise de Conteúdo que explora a comunicação através de instrumentos e procedimentos sistemáticos, a fim de se obter inferências acerca da temática (Bardin, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011). Nesse sentido, os relatos e entrevistas foram sistematizados e comparados quanto à sua semelhança e aspectos fundamentais sendo definidas quatro categorias temáticas que incluíram: 1- Percepções sobre as vacinas; 2- Atuação dos profissionais de saúde; 3- Fontes de informação utilizadas; 4- Desafios enfrentados; estas aglutinaram os principais pontos de enfoque das falas dos entrevistados. A análise revelou um cenário complexo, no qual fatores como a desinformação, a falta de capacitação contínua e a influência de movimentos antivacina desempenham papéis significativos na queda das taxas de cobertura vacinal. Embora a maioria dos profissionais reconheça a importância das vacinas e sua eficácia na prevenção de doenças, ainda existe uma parcela que expressa desconfiança, especialmente, em relação à segurança dos imunizantes. Outro ponto crucial citado pelos entrevistados foram as fake news que afetam tanto a população quanto os profissionais que não têm o conhecimento necessário sobre as vacinas e acabam por absorver essas informações amplamente divulgadas nas redes sociais, tornando-se amplificadores desses discursos fictícios nos territórios em que atuam. Esse cenário revela a complexidade dos fatores que influenciam na taxa de cobertura vacinal, onde aspectos políticos, sociais e culturais se entrelaçam, afetando não só a população, mas os principais responsáveis pela vacinação - os profissionais de saúde.