Carbono e biomassa da serrapilheira acumulada sobre o solo em áreas em processo de restauração do Parque Nacional Furna Feia
Palavras-chave:
Bioindicadores, recuperação de áreas degradadas, estoque de carbonoResumo
As atividades humanas têm causado mudanças significativas no ambiente, acelerando e intensificando as alterações climáticas em nível global. Nesse contexto, a restauração de florestas, focada em devolver os ecossistemas às suas condições originais, torna-se um processo indispensável. Um aspecto importante nesse processo é o uso da serrapilheira como bioindicador, que oferece uma avaliação da degradação e da recuperação dos ecossistemas. Isso permite coletar dados essenciais para monitorar e garantir a eficácia das ações de restauração. Assim, objetivou-se avaliar o efeito da técnica de restauração florestal no estoque de biomassa e de carbono da serrapilheira acumulada no Parque Nacional Furna Feia. Foram selecionadas três áreas com diferentes técnicas de restauração florestal, a saber: plantio total realizado no período seco, plantio total realizado no período úmido e condução da regeneração natural com poleiros e o ecossistema de referência. A serrapilheira acumulada sobre o solo foi coletada em dois períodos seco (setembro/2023) e chuvoso (maio/2024) utilizando gabaritos de PVC de 0,25 m². A determinação do teor de carbono foi realizado pelo método da mufla. O estoque de carbono da serrapilheira foi estimado em kg ha-1, em função da quantidade de biomassa seca e do teor de carbono determinado para cada amostra. A ANOVA para acúmulo de serrapilheira nos períodos seco e chuvoso indica que há uma diferença estatisticamente significativa entre as áreas (p=0.018), mas não entre os períodos (p=0.344) ou na interação entre período e área (p =0.392). A técnica de plantio total no período chuvoso apresenta uma melhor recuperação do funcionamento do ecossistema em relação ao acúmulo de biomassa e carbono da serrapilheira, já que não difere entre a área de referência. Em média, a técnica de plantio em período chuvoso recuperou 50% (1,51 kg C ha-1) do carbono estocado na serrapilheira em comparação com o ambiente preservado de referência. Conclui-se que após três anos de restauração, o tipo de técnica utilizada influenciou o acúmulo de biomassa e carbono da serrapilheira na área de estudo. A técnica de plantio total no período chuvoso é uma estratégia promissora para a recuperação de biomassa e estoque de carbono da serrapilheira, aproximando mais ao ecossistema preservado.