Invasão do peixe-leão (Pterois sp.) NA Costa Potiguar: aspectos ecológicos de uma espécie potencialmente prejudicial à biodiversidade.

Autores

  • Monique Hugolina Morais UFERSA
  • Atílio Gabriel Xavier do Nascimento
  • Emanuelle Fontenele Rabelo

Palavras-chave:

Peixe-Leão, Biodiversidade, Rio Grande do Norte

Resumo

O peixe-leão (Pterois sp.), originário do Oceano Indo-pacífico, tem sido uma ocorrência constante no Brasil desde sua colonização em 2020. Por ser um animal de dieta generalista e sem predadores naturais, a presença do peixe-leão em águas brasileiras é uma ameaça à biodiversidade e à pesca. Este estudo teve como objetivo apresentar dados sobre a ecologia do peixe-leão no estado do Rio Grande do Norte desde sua primeira ocorrência em 2022 até maio de 2024. Os exemplares e as informações de ocorrência foram coletados por pescadores de  Tibau, Areia Branca, Porto do Mangue, Macau e Galinhos. Foram catalogados 138 indivíduos, com 105 capturados.  Os resultados revelaram um maior número de animais capturados em 2023 em comparação a 2022, sendo a quantidade de animais em 2023 1020% maior do que os capturados em 2022, refletindo o crescimento exponencial da população da espécie durante o período de estabelecimento. Os dados revelaram também que 96% dos indivíduos apresentaram mais de 18 cm de comprimento total. Dados da literatura mostram que o peixe-leão atinge a maturidade sexual a partir de 18-19cm de comprimento, indicando que a maioria dos animais coletados já são adultos e em fase reprodutiva, contudo não foram identificadas fêmeas com ovos. A proporção sexual foi de 1:0,6, sendo uma fêmea para cada 0,6 machos. A espécie foi observada em uma faixa de 0,7g a 712,3g. Esses resultados indicam que os animais estão conseguindo chegar a fase adulta e atingir tamanho e peso considerável, se estabelecendo na região com uma alta probabilidade de sucesso reprodutivo. O estudo também verificou que o peixe-leão é encontrado em ambientes naturais e artificiais, com a maioria desses ambientes entre 11-20m de profundidade e de 21-30 km de distância da costa. A presença significava do peixe-leão em recifes artificias rasos aponta que esses ambientes provêm os recursos necessários ao estabelecimento da espécie e são importantes para sua dispersão, sendo usados como “trampolins” entre os diferentes habitats naturais e artificiais, facilitando assim a rápida ampliação de sua distribuição pela costa. Dentre as presas encontradas em seu trato digestório foram identificadas crustáceos e peixes, espécies que compõem a biodiversidade local e de interesse econômico para os pescadores. Esses resultados indicam que o peixe-leão tem tido sucesso na captura de espécies de invertebrados e peixes nativos com preferência por presas do táxon Osteichthyes, o que já foi relatado em estudos pretéritos com essa espécie exótica. O conhecimento sobre a ecologia de espécies invasoras é de fundamental importância para se conhecer a capacidade competitiva desses animais frente a espécies nativas, gerando dados importantes para o desenvolvimento de estratégias de controle dessa espécie potencialmente prejudicial à pesca e à saúde dos ambientes marinhos brasileiros. 

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 1: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde: