Atividade enzimática de fungos endofíticos isolados de sementes de Catanduva (Piptadenia moniliformis Benth.) encontradas na Caatinga

Autores

  • Lucas Vinicius Matias Silva Universidade Federal Rural do Semi-Arido (UFERSA)
  • Ludmilla Fernandes Cavalcante
  • Iara Letícia Fernandes de Oliveira
  • Jeórgia Milena Alves Tavares
  • Lívio Carvalho de Figueirêdo

Palavras-chave:

Espécie florestal; Produção enzimática; Sementes.

Resumo

A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, caracterizado por longos períodos de estiagem e altas temperaturas. Nessas condições, a vegetação inclui espécies xerófilas, como a Catanduva (Piptadenia moniliformis Benth.), planta nativa que desempenha importante papel, por exemplo, no suporte à fauna local. Os fungos endofíticos, que vivem dentro de tecidos vegetais sem causar danos aparentes, são essenciais na adaptação das plantas ao estresse ambiental e são fonte de enzimas promissoras, como celulase, amilase, lipase e protease, com aplicações industriais,  alimentícia e de biocombustíveis. Este estudo teve como objetivo isolar e identificar fungos endofíticos de Piptadenia moniliformis Benth, avaliando seu potencial enzimático tendo em vista às suas aplicações biotecnológicas. Os frutos da Catanduva foram coletados no Parque Nacional da Furna Feia, localizado a 5° 4′ 14,88″ S; 37° 32′ 1,51″ O, e transportados para o Laboratório de Conservação Florestal (UFERSA) para beneficiamento das sementes, Em seguida, foram levados  para o processo de desinfecção superficial seguindo o protocolo de Araújo (2022), que utiliza hipoclorito de sódio a 2-2,5%, álcool a 70% e água destilada autoclavada no Laboratório de Biotecnologia de Fungos (UFERSA). Depois da desinfecção, as sementes foram inoculadas  em placas de Petri contendo meio Batata Dextrose Ágar (BDA), suplementado com cloranfenicol (50mg/L) para inibir o crescimento bacteriano. Após incubação de 28 dias a 28 °C, foram isolados cinco fungos endofíticos e cultivados em meios específicos para testar as atividades enzimáticas de lipase, amilase, celulase e protease. Cada meio foi preparado para observar a formação de halos ou cristais ao redor das colônias, indicando atividade enzimática. Cada índice enzimático (IE) foi determinado utilizando a fórmula: IE = diâmetro da colônia + a área do halo de degradação/diâmetro da colônia. Cinco fungos endofíticos foram isolados das sementes de Catanduva, e todos demonstraram alguma atividade enzimática. Na produção de lipase, o fungo CTDT4 apresentou índice enzimático (IE) de 1,411, abaixo do limiar de 2,0 indicado como ótimo por Lealem e Gashe (1994) e citado por Vieira (2018). Em contraste, CTDT1 mostrou-se um excelente produtor de celulase com IE de 6,800, sendo útil para aplicações industriais de degradação de celulose (Bhat & Bhat, 2000). Para atividade proteolítica, apenas o fungo CTDT5 demonstrou resultado positivo, com IE de 1,2857, insuficiente para ser considerado um ótimo produtor de protease (Rao et al.  ,1998). Na análise amilolítica, o fungo CTDT1 se destacou com IE de 10,929, muito acima do limiar de 2,0, qualificando-o como um produtor eficaz de amilase para aplicações industriais (Vieira, 2018), enquanto CTDT2 e CTDT3 apresentaram IE  abaixo desse valor. Os resultados apontam o isolado CTDT1 como um excelente produtor de celulase e amilase, com IE de 6,800 e 10,929, respectivamente, indicando alto potencial para aplicações industriais. Outros fungos também demonstraram capacidades enzimáticas variadas, ainda que com IE abaixo do limiar ideal de 2,0, sugerindo relevância para estudos futuros. Esses achados fortalecem a importância da Caatinga como fonte de microrganismos com potenciais aplicações biotecnológicas e contribuem para o uso sustentável dos recursos regionais.

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 1: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde: