A prática dos chás na comunidade quilombola do sítio Arrojado: qual a relação de uma vivência popular com a química?
Palavras-chave:
chás, educação popular, químicaResumo
O objetivo deste trabalho é identificar as correlações entre o saber popular e a química, promovendo um diálogo entre os saberes tradicionais e científicos. A experiência ocorreu na comunidade quilombola Sítio Arrojado, localizada no município de Portalegre/RN, e contou com a participação da matriarca da comunidade, sua filha e dois estudantes da Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo. A prática foi desenvolvida no quintal da matriarca, onde ela cultiva ervas medicinais, sendo o capim-santo o chá mais utilizado. Para correlacionar o saber popular com os conceitos de química, foram preparados um chá natural e outro industrializado (em sachê). Durante uma roda de conversa, as diferenças de coloração e sabor entre os dois tipos de chá foram analisadas. A matriarca destacou que a cor é totalmente diferente entre o chá natural e o industrializado, e o sabor mais ainda. O saber popular, transmitido pelas matriarcas da comunidade, valoriza práticas ancestrais, mas também respeita a ciência. Como elas afirmaram, "Usamos o chá para algumas doenças, mas reconhecemos a eficácia dos medicamentos prescritos pelos médicos e não podemos ignorá-los." Essa integração entre ciência e saber popular constrói uma educação contextualizada ao território, valorizando os sujeitos, seus saberes e a oralidade como ferramenta de disseminação de práticas ancestrais. Durante a vivência, a educadora popular reforçou o papel da ciência na utilização das plantas medicinais, conectando o saber tradicional à indústria farmacêutica, que realiza estudos detalhados até a produção de medicamentos eficazes. O saber popular emerge, assim, como uma prática de cuidado à saúde e construção social, preservando a ancestralidade e os conhecimentos dos antepassados que cultivaram a terra com respeito, garantindo saúde e equilíbrio orgânico às futuras gerações.