A Literatura Indígena no ensino de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Ceará

Resumo

Esta comunicação reflete a respeito da evolução do ensino de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Ceará entre 1990 e 2010 e de suas abordagens acerca da cultura e dos povos indígenas, fomentadas pela criação de leis como a de número 11.645 de 2008, que torna obrigatória o ensino da história e cultura indigena no ensino fundamental e médio, e por projetos governamentais . Nesta investigação, buscamos construir uma linha histórica do ensino de Literatura Brasileira e de disciplinas correlatas no curso de Letras-Português da Universidade Federal do Ceará durante as décadas mencionadas e investigar de que maneira a literatura indígena e a figura do indígena são inseridas nos estudos de Literatura no ensino superior. O curso da UFC adota como modelo a antiga Faculdade do Brasil de Filosofia, Ciências e Letras (hoje a UFRJ), que se alimenta das propostas de Afrânio Coutinho para um estudo dos estilos literários como o Barroco, para além do conceito de literatura colonial. Nesses termos, pretendemos igualmente analisar se existe uma mudança de perspectiva do ensino que vise à descolonização do ensino de literatura, ou seja, a saída da perspectiva etnocêntrica para uma igualitária, como a proposta por Janice Thiél com a sua ideia de contranarrativa. Para Thiél (2012), a contranarrativa dos povos indígenas permite o resgate de suas culturas e de sua ancestralidade e deve ser contraposta à perspectiva dos europeus no período colonial. Esta pesquisa se realiza por meio de levantamento biobibliográfico dos professores e de documentos como atas de reuniões, PPCs antigos, planos de curso e ementas de disciplinas. Até o momento, as ementas de Literatura Brasileira de 2007 e as produções científicas dos professores de literatura do curso de Letras nos fizeram refletir sobre a predominância do indígena como figuração discursiva no Barroco, o primeiro estilo literário brasileiro, consonante com a proposta de ensino e de periodização literária de Afrânio Coutinho (2014).