Demandas e necessidades de saúde da população surda
Palavras-chave:
Inclusão social, Pessoas com surdez, Saúde públicaResumo
O Brasil apresenta mais de 10 milhões de habitantes que apresentam deficiência auditiva (IBGE, Censo Demográfico, 2010). Visando mitigar a discrepância entre os cidadãos quanto à comunicação, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida, desde 2002, como a língua oficial das comunidades surdas no país, estabelecendo um meio legal de expressão e comunicação das pessoas com deficiência auditiva (Brasil, Ministério da Saúde, 2002). No entanto, a Atenção Primária à Saúde, considerada a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), não apresenta profissionais capacitados para atender de forma completa um indivíduo com surdez, haja vista que esses não conseguem estabelecer uma comunicação efetiva com os usuários, seja pela falta de conhecimento da Libras, seja pela ausência de intérpretes qualificados para realizar o acolhimento e assistência (Sousa; Almeida, Revista Multidisciplinar e de Psicologia. v. 10, n. 33, 2017). Diante disso, tornou-se essencial investigar as principais demandas e necessidades de saúde das pessoas surdas, no intuito de provocar discussão na sociedade, como também fortalecer a política pública vigente. Trata-se de um estudo de abordagem mista, com caráter descritivo e exploratório, realizado na Associação de Surdos de Mossoró e Região (ASMOR), localizada no município de Mossoró/RN. O estudo contou com a realização de um questionário que foi constituído por três partes: a primeira abordou a caracterização do sujeito, a segunda foi composta por um questionário estruturado que contou com 8 perguntas fechadas, e a terceira foi composta por um questionário semiestruturado que contou com 6 perguntas abertas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (CEP-UERN), CAAE 71221923.4.0000.5294. Após amostragem por saturação, a pesquisa totalizou a participação de 12 pessoas surdas que tinham entre 19 e 49 anos. A caracterização dos sujeitos revela uma amostra predominantemente do sexo masculino, com raça autodeclarada parda e estado civil solteiro. Além disso, 10 participantes alegaram serem o único indivíduo surdo no na família, e houve o predomínio de indivíduos que alegaram receber até 1 salário mínimo (7 pessoas) e que moram com outras 2 pessoas (4 pessoas). Houve uma distribuição mais concentrada naqueles que alegaram possuir ensino médio completo, além dos participantes que alegaram estarem desempregados. Depois de analisada a parte qualitativa, o material presente nas entrevistas dos indivíduos transforma-se em três categorias temáticas consideráveis de uma maior discussão: “Aspectos do acesso aos serviços públicos de saúde por pessoas surdas”, “Demandas e necessidades de saúde de pessoas surdas” e “Impactos da comunicação no acolhimento de pessoas surdas”. Evidenciou-se que a falta de comunicação efetiva entre os surdos e profissionais de saúde ainda é uma barreira significativa que impede o atendimento individual, autônomo e, consequentemente, o acesso equitativo dos surdos aos serviços de saúde. Portanto, faz-se necessário, por parte dos futuros profissionais, a aprendizagem da Libras, para garantir que todos os sujeitos, independentemente de suas condições auditivas, sejam capazes de gozar, em plenitude, de seus direitos, à cuidados dignos e eficazes, como também à comunicação em sociedade.