Investigação da resistência aos antimicrobianos em genomas públicos de Acinetobacter baumannii produtores de OXA-23 isolados no Brasil

Autores

  • Ana Luíza Leal de Meirelles de Almeida UFERSA
  • Dr. Caio Augusto Aires UFERSA
  • Ana Larissa Pereira de Moura
  • Arthur Mousinho de Andrade Veríssimo UFERSA

Palavras-chave:

Acinetobacter baumannii, Brasil, Genes de resistência bacteriana, blaOXA, carbapenemases

Resumo

A resistência de Acinetobacter baumannii aos carbapenêmicos (CRAB) representa um desafio para a saúde pública devido à limitação de opções terapêuticas, aumento dos custos hospitalares e maior morbimortalidade. O principal mecanismo de resistência envolve a produção de carbapenemases OXA, especialmente OXA-23, amplamente detectadas no Brasil e associadas a complexos clonais predominantes (CC1, CC15, CC79 e CC25). Este estudo analisou a prevalência de genes de resistência e a distribuição de cepas de CRAB isoladas no Brasil. Os genomas foram investigados com a ferramenta Pathogen Detection do banco de genomas NCBI com enfoque em isolados clínicos com genótipo blaOXA-23 no Brasil. Foram obtidas 171 cepas de CRAB cujos genomas foram baixados e submetidos à tipagem por Multi Locus Sequence Typing (MLST) no site Centro de Epidemiologia Genômica (CGE). Foi analisada a presença de genes de estresse e resistência. A interpretação dos dados foi realizada em lista numérica e tabela de frequências com o software Microsoft Excel. Um mapa de calor representando valores de 1 positivo (preto) ou 0 negativo (branco) para as variáveis ​​de interesse. Foram identificados 17 STs distintos, com destaque para ST1 (n=53), ST79 (n=50) e ST15 (n=30). Além do gene blaOXA-23, todas as cepas exibiram outros genes blaOXA (como blaOXA-72 e blaOXA-231), blaADC e blaKPC, indicando variabilidade genética relevante. Cada complexo clonal apresentou associações específicas com genes de resistência, como ST1 com blaOXA-69, ST79 com blaOXA-65 e ST25 com blaOXA-64, revelando padrões genéticos distintos entre os isolados. Os genes de resistência mais comuns estavam relacionados a aminoglicosídeos, incluindo ant(3'')-IIa, presente em 170 cepas, e amvA. Já a detecção do gene armA, que confere resistência de alto nível a aminoglicosídeos, e de variantes do tipo blaCTX-M, reforça a relevância do problema no contexto clínico. Mutações, como S81L em GyrA e E88K em ParC e em sistemas de efluxo de fármacos (AdeABC), estão associadas à resistência elevada às fluoroquinolonas. Foram detectados genes relacionados à resistência a sulfonamidas (sul1, sul2), macrolídeos (msr, mph) e colistina (mcr-4.3) em uma cepa. Também foram observados genes de resistência a tetraciclinas frequentemente distribuídos entre os complexos clonais. Além disso, genes merA e arsA indicaram resistência a metais pesados, sugerindo pressão seletiva ambiental. Essa diversidade genética sugere a disseminação de genes de resistência por transferência horizontal. O estudo mostrou que a maioria dos genomas foram oriundos de cepas isoladas da região Sudeste, com dados limitados das regiões Norte, destacando a necessidade de uma melhor cobertura de amostragem em todo o território nacional. Por fim, esses dados enfatizam a necessidade de novas abordagens terapêuticas e políticas públicas para conter a disseminação dessas cepas. Além disso, ressalta a importância do uso racional de antimicrobianos em contextos clínicos no Brasil, de um banco de dados local de resistência antimicrobiana e de um programa nacional de gestão para reduzir a carga de infecções por CRAB.

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 1: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde: