Avaliação da eficiência das preferências culturais para manutenção da diversidade funcional das comunidades vegetais na Caatinga
Palavras-chave:
Restauração ecológica; Abordagem biocultural; Diversidade funcional.Resumo
A restauração ecológica visa recuperar ecossistemas degradados, inicialmente focando na ciência ecológica e desconsiderando aspectos sociais e culturais. Abordagens mais recentes, como a restauração biocultural, integram o conhecimento tradicional das comunidades locais, harmonizando componentes biofísicos e socioculturais para conservar a biodiversidade. A pesquisa buscou entender se sistemas de restauração baseados em uma abordagem biocultural podem manter a diversidade funcional na Caatinga, comparados a ecossistemas naturais de referência. Foram realizadas 139 entrevistas com agricultores de 10 assentamentos sobre a preferência de espécies vegetais úteis, criando sistemas hipotéticos de restauração e avaliando os atributos funcionais das espécies escolhidas. Os agricultores preferem espécies com valor econômico e cultural, destacando-se as alimentícias e para madeira/construção. Das 38 espécies citadas, 63% são nativas e 37% exóticas, sendo as mais mencionadas o cajueiro (Anacardium occidentale), a manga (Mangifera indica), a acerola (Malpighia emarginata), a goiaba (Psidium guajava) e o coqueiro (Cocos nucifera). A análise funcional comparou os sistemas de restauração criados pelos agricultores com áreas de referência. O Cenário 1, que incluía espécies exóticas, mostrou maiores áreas foliares e uma seleção por espécies com madeira mais macia. No Cenário 2, com apenas espécies nativas, os resultados foram semelhantes, exceto pela menor dispersão funcional (FDis) em alguns municípios, indicando menor variabilidade funcional. A análise funcional mostra que os sistemas montados pelos agricultores são mais estáveis e eficientes, mas com menor dispersão funcional, o que pode aumentar a vulnerabilidade dos ecossistemas. Assim, embora a participação dos agricultores seja benéfica, é crucial incorporar práticas que melhorem a diversidade funcional e a resiliência dos ecossistemas.