Enfermidades de cutias (Dasyprocta leporina Linnaeus, 1758) criadas em cativeiro diagnosticadas pelo exame anatomopatológico.
Palavras-chave:
Histologia, Necropsia, Patologias, RoedoresResumo
Lesões morfológicas e/ou funcionais podem comprometer a manutenção da fauna silvestre em cativeiro ou vida livre. O conhecimento sobre epidemiologia, sintomatologia e patogenia dessas alterações é essencial para um diagnóstico preciso, permitindo o controle imediato e a implementação de medidas profiláticas que reduzam perdas econômicas. Com isso, o exame post mortem é fundamental para identificar aspectos patológicos importantes para a medicina de conservação. As cutias (Dasyprocta sp.) são roedores do gênero Dasyprocta e família Dasyproctidae com grande potencial para exploração zootécnica. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo retrospectivo das doenças de cutias diagnosticadas pelo Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal Rural do Semi-Árido entre 2006 e 2024. A pesquisa envolveu 39 cutias (Dasyprocta leporina Linnaeus, 1758) criadas em cativeiro no Centro de Multiplicação de Animais Silvestres da UFERSA, em Mossoró/RN, registrado no IBAMA. Os animais, alimentados com milho, frutas cítricas, ração para lagomorfos e água ad libitum, morreram naturalmente e foram submetidos a necropsias. O exame incluiu avaliação externa, abertura das cavidades torácica, abdominal e craniana, além da coleta de fragmentos de órgãos para análise histológica, cujo os resultados foram organizados em percentuais de frequência dos diagnósticos. A principal causa de morte relatada foi a síndrome de inanição/hipotermia perinatal, responsável por 17,95% dos casos, cujo os animais apresentavam sinais como esvaziamento estomacal e desidratação. A acidose, devido a sobrecarga de carboidratos, foi identificada em 7,7% das cutias, apresentando sintomas como apatia, diarreia e distensão abdominal. Cálculos urinários foram encontrados em 5,13%, causando obstrução uretral e hidronefrose. Distocia, úlceras gástricas e sablose de ceco também foram observadas em 5,13% dos animais necropsiados. Outras condições relatadas incluíram intussuscepção do jejuno, fecaloma, obstrução esofágica, vólvulo gástrico e vólvulo intestinal, com incidência de 2,56% cada. Alguns animais (41,03%) não tiveram diagnóstico conclusivo devido à ausência de lesões significativas ou ao avançado estado de autólise dos corpos. Esses resultados destacam a diversidade de patologias que acometem cutias em cativeiro, evidenciando a importância do exame anatomopatológico no diagnóstico e prevenção de doenças. Com base nos achados dos exames post mortem, fica evidente a relevância da Patologia Veterinária, assim como dos métodos anatomopatológicos e histopatológicos, no diagnóstico de doenças em animais silvestres. Esses exames são fundamentais para esclarecer as enfermidades que afetam cutias (Dasyprocta leporina) em cativeiro, contribuindo para a adoção de práticas de manejo mais adequadas, que visem preservar a saúde e o bem-estar desses animais.