Investigação da prevalência de determinantes de virulência e resistência ao estresse em genomas depositados em banco de dados de Klebsiella pneumoniae no Brasil.
Palavras-chave:
Klebsiella pneumoniae, Estresse, Virulência, genomasResumo
Klebsiella pneumoniae é um patógeno de importância clínica, principalmente quando associado à característica de resistência a antibióticos. Classicamente, ela é apresentada como um patógeno oportunista, mas vem sendo cada vez mais relevante por apresentar características de evasão a antimicrobianos, de resistência ao estresse ocasionada por condições ambientais e de capacidade de gerar doenças graves, sendo que a disseminação de tais genes por meio de plasmídeos ocorre de forma a consolidar essas características, como é notado entre o grupo dos patógenos entéricos, ao qual a K. pneumoniae faz parte. Dessa forma, esta pesquisa buscou analisar a prevalência dos genes de virulência e resistência à agentes estressores em genomas de K. pneumoniae isolados no Brasil. Nesse sentido, foi realizada pesquisa que analisou genomas depositados em banco de dados do NCBI (National Center for Biotechnology information), com a utilização das ferramentas Pathogen detection e Isolates Browser desenvolvidas pelo NCBI e a seleção de genomas levou em conta o genótipo blaKPC e os filtros de localização (Brasil), de tipos de isolados (clínico) e de hospedeiro (humanos). Com isso, foram selecionados e analisados 614 genomas de K. pneumoniae que atendiam os requisitos da pesquisa e, entre os dados analisados, foram encontrados 54 genes relacionados à resistência ao estresse e 7 genes associados às características de virulência. Os principais materiais clínicos cujas cepas foram isoladas foram sangue (258), urina (77) e swabs retais (55). Nas amostras, genes associados à resistência a estresse ocasionado por metais foram encontrados, como o operon merABCDEFPRT (resistência ao mercúrio), sendo que houveram 253 isolados no banco de dados que apresentaram pelo menos um representante desse grupo de genes e o merR foi o gene que mais apareceu entre eles (27,5% dos isolados). Ademais, outros operons foram encontrados, como silABCEFPRS (resistência à prata), sendo o gene silR encontrado em 84,53% das amostras, além da presença de um desses genes em 522 isolados entre os 614 analisados. O operon pcoABCDERS (resistência ao cobre) foi outro conjunto de genes identificado nas análises da pesquisa, que só não esteve presente em 15,1% dos genomas analisados e os genes pcoCP foram os que mais apareceram (ambos em 84,03% dos isolados). Ademais, o gene asr (Acid Shock RNA) foi encontrado em 90,39% das amostras. Os genes associados à virulência encontrados fazem parte dos operons ybtPQ (54,44% das amostras) e iucABCD/iutA (1 dos isolados), que codificam mecanismos de captação de ferro (sideróforos). É perceptível, portanto, que o número de genes de resistência ao estresse e associados à virulência encontrados durante a pesquisa demonstra a extensa variedade de mecanismos presentes em patógenos reconhecidamente resistentes a um amplo espectro de antimicrobianos, o que evidencia a importância da vigilância genética-epidemiológica com relação à K. pneumoniae produtora de KPC.