Morfologia da língua de filhote de tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e suas implicações adaptativas.

Autores

  • Antonio Lopes da Silva Neto UFERSA
  • Radan Elvis Matias de Oliveira
  • Moacir Franco de Oliveira
  • Euziele Oliveira de Santana
  • Alana Ingrid de Araújo Pereira

Palavras-chave:

Cavidade oral, evolução, tartaruga marinha, testudines

Resumo

A Lepidochelys olivacea é um animal carnívoro que se alimenta principalmente de peixes, crustáceos e moluscos. De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), encontra-se na categoria "vulnerável" à extinção. As tartarugas, com sua longa história evolutiva em diversos habitats, são um dos grupos de vertebrados mais indicados para demonstrar variações e adaptações morfológicas e comportamentais relacionadas ao seu ambiente e dieta. Essa transição exigiu grandes mudanças em quase todos os sistemas orgânicos, incluindo o mecanismo de alimentação. Nesse contexto, a pesquisa sobre a morfofisiologia da língua tem se mostrado uma ferramenta relevante para o entendimento da evolução dos hábitos alimentares. Assim, este estudo objetivou-se a descrever a morfologia da língua de filhotes de tartaruga-oliva para estabelecer um modelo padrão para a espécie nessa faixa etária, fornecendo informações que possam melhorar o conhecimento sobre os hábitos alimentares, permitindo também comparações com outras espécies de tartarugas marinhas, aquáticas, semiaquáticas e terrestres do ponto de vista evolutivo. Neste estudo foram utilizadas 5 línguas de filhotes natimortos com sexo indefinido da espécie L. olivacea, provenientes de ninhos eclodidos no litoral do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Os exemplares foram armazenados no acervo do Laboratório de Monitoramento de Biota Marinha – Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade do Estado do Rio Grande Norte. As cabeças dos animais foram removidas ainda em campo, e imersas imediatamente na solução aquosa de paraformaldeído a 4% tamponado e solução Karnovisk’s modificado. A análise das amostras foi realizada no Laboratório de Morfofisiologia Animal Aplicada – LABMORFA/UFERSA onde foram processadas para análises de macroscopia, microscopia de luz e microscopia eletrônica de varredura. Macroscopicamente, a língua dos filhotes de tartaruga-oliva apresentou-se como um órgão musculoso e robusto, subdividido em ápice, corpo e raiz, bem como apresentou uma base larga que se afina em direção ao ápice, conferindo-lhe uma forma triangular com um ápice ligeiramente arredondado quando observada dorsalmente. Microscopicamente, a mucosa da língua foi caracterizada por um epitélio escamoso estratificado queratinizado, sustentado por uma lâmina própria. O epitélio da mucosa lingual apresentou quatro camadas de células distintas (basal, intermediária profunda, intermediária superficial e queratinizada). Na microscopia eletrônica de varredura, não foram observadas papilas linguais na superfície dorsal. Em vez disso, foram observadas numerosas dobras, formadas por projeções epiteliais, que se distribuem ao longo de toda a superfície dorsal da língua e na sua raiz. As células presentes na superfície da língua exibiram um perfil nitidamente poligonal, caracterizadas pelas células queratinizadas. Além disso, as saliências do epitélio queratinizado foram comumente encontradas na superfície dorsal da língua, com margens celulares espessas claramente visíveis. Com isso, conclui-se que a língua do filhote de L. olivacea, do ponto de vista morfológico, desempenha um papel limitado na alimentação, já que é consideravelmente reduzida e desprovida de papilas gustativas. A queratinização predominante do epitélio pode indicar uma evolução que favorece a resistência a abrasões ou outras condições relacionadas à sua dieta e habitat.

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 1: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde: