Malvaceae Juss. do Parque Nacional da Furna Feia, Nordeste do Brasil
Palavras-chave:
Afloramentos calcários, Caatinga, florística, Malvales, taxonomiaResumo
Malvaceae Juss. é uma família de angiospermas que pertence à ordem Malvales Juss. ex Bercht. & J. Presl, tem distribuição cosmopolita, mas com distribuição majoritária nas regiões tropicais e subtropicais do globo. A família é constituída por 243 gêneros e 4.225 espécies que se apresentam diversificadas nas suas formas de vida, na morfologia das flores e frutos. No Brasil, a família está representada por 881 espécies, distribuídas em 82 gêneros, com maior riqueza de espécies reportada para o domínio fitogeográfico da Mata Atlântica. Mesmo com quase metade das espécies brasileiras na Mata Atlântica, Malvaceae é uma das dez famílias de plantas mais ricas da Caatinga, onde ocorrem 175 espécies (93 endêmicas). A unidade da federação com menor riqueza de Malvaceae é o estado do Rio Grande do Norte, que figura também como tendo a menor riqueza de plantas do país. Parte disso, resulta de vieses de coletas e pouca valorização de coleções biológicas depositárias de plantas. Nesse sentido, a fim de preencher lacunas no conhecimento taxonômico das Malvaceae do Estado, este estudo objetivou inventariar as espécies da família que ocorrem no Parque Nacional da Furna Feia, a maior área legalmente protegida do semiárido potiguar. Para tanto, o estudo foi baseado na análise de espécimes depositados na coleção Herbário Dárdano de Andrade Lima (MOSS), da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, e também coletas de campo. As expedições ocorreram no período de maio a julho de 2024 através do método de caminhamento. Tanto as coletas quanto o processo de herborização seguiram os métodos usuais em taxonomia vegetal. As amostras foram identificadas através de literatura especializada na taxonomia de Malvaceae e através de comparação com coleções tipo disponíveis virtualmente. Como resultado, foram registradas 23 espécies de Malvaceae no Parque Nacional da Furna Feia, as quais pertencem aos seguintes gêneros: Allobriqueta Bovini (com três espécies), Corchorus L. (duas espécies), Helicteres L. (uma espécie), Herissantia Medik. (duas espécies), Malachra L. (uma espécie), Melochia L. (uma espécie), Pavonia Cav. (uma espécie), Pseudabutilon R.E.Fr. (uma espécie), Sida L. (cinco espécies), Sidastrum Baker (uma espécie), Waltheria L. (três espécies) e Wissadula Medik. (três espécies). A partir dos dados deste estudo, tem-se o primeiro registro de ocorrência de 11 espécies de Malvaceae para o estado do Rio Grande do Norte, a saber: Corchorus aestuans L., Corchorus tortipes A.St.-Hil., Herissantia nemoralis (A.St.-Hil.) Brizicky, Malachra fasciata Jacq., Melochia longidentata Goldberg, Pavonia cancellata (L.) Cav., Pseudabutilon pintoi Mont., Sida martiana A.St.-Hil., Sidastrum paniculatum (L.) Fryxell, Wissadula hernandioides (L.Hér.) Garcke e Wissadula caribea (A.DC.) Bovini. Além disso, este trabalho traz a redescoberta e a correta aplicação do nome de duas espécies, C. tortipes e Me. longidentada. A primeira foi descrita na primeira metade do século XIX para as áreas secas do estado de Minas Gerais e a segunda descrita na década de 1970 para o semiárido do estado da Bahia. Embora estes nomes tenham sido esquecidos desde as suas publicações, ambas as espécies ocorrem amplamente no semiárido do Brasil e seus espécimes se encontram erroneamente identificados nas coleções de herbário.