Avaliação dos efeitos combinados do pondera® (cloridrato de paroxetina) e clonazepam (rivotril) sobre a qualidade espermática e fertilidade de ratos Wistar
Palavras-chave:
Antidepressivos, Morfologia espermática, Contagem espermática, Toxicologia da reproduçãoResumo
O sistema nervoso central consiste em bilhões de células interconectadas, neurônios, formando uma complexa rede de comunicação responsável pelo processamento da informação como emoções, humor e sentimentos. Problemas no sistema nervoso podem levar a distúrbios como depressão e ansiedade. A fim de mitigar isso, faz-se necessário o uso de antidepressivos. Entretanto, para o tratamento da maioria dos casos faz-se necessário a utilização de combinações de antidepressivos. Por outro lado, inúmeros trabalhos têm demonstrado que a utilização de antidepressivos de forma isolada têm um grande impacto na fertilidade. Sendo assim, esse estudo tem o objetivo investigar os possíveis efeitos da ação combinada do cloridrato de paroxítona com o clonazepam (Rivotril) sobre o sistema reprodutor masculino, com ênfase na qualidade espermática de ratos Wistar. Para tanto, foram utilizados ratos Wistar com 90 dias de idade proveniente do biotério da UERN e mantidos no biotério da UFERSA (parecer CEUA 12/2023). Os animais foram divididos aleatoriamente em 4 grupos experimentais (n=7/grupo): grupo controle (C) (recebeu solução veículo de água + DMSO), paroxetina (P) (grupo tratado com a dose de 20 mg/kg de cloridrato de paroxetina diluída em veículo), rivotril (R) (grupo tratado com a dose de 20 mg/kg de rivotril diluída em veículo) e paroxetina + rivotril (PR) (grupo tratado com a combinadação de paroxetina + rivotril nas mesmas doses).Os animais foram tratados por 28 dias por via oral e ao final do tratamento foram eutanasiados por saturação anestésica de xilazina e ketamina, sendo as amostras de espermatozoides coletadas da cauda do epidídimo para a realização de morfologia e os testículos utilizados na contagem espermática. Análise estatística: ANOVA seguido de Dunnet (considerando p<0,05). Foi observado que não houve diferença estatística quanto a porcentagem de espermatozoides normais quando comparados todos os grupos: C, P, R e PR respectivamente (97,58 + 0,39 x 88,50 + 11,00 x 96,92 + 0,99 x 97,14 + 0,66; p>0,05). Da mesma forma, também pode-se observar que não houve alteração significativa entre os grupos C, P, R e PR respectivamente (50,15 + 6,51 x 36,20 + 5,60 x 45,03 + 8,80 x51,98 + 5,37; p>0,05) com relação a produção espermática diária (milhões). O mesmo pôde-se observar com relação a concentração espermática em milhões/testículo (305,90 + 39,72 x 220,80 + 34,18 x 274,70 + 53,69 x 317,10 + 32,77; p>0,05). A morfologia espermática é um dos principais parâmetros que podem ser correlacionados com a capacidade fértil dos animais (Borges et al., Reproductive Toxicology, 63:125-34, 2016). Entretanto, sabe-se que roedores são altamente eficientes com relação a capacidade de produção de espermatozoides morfologicamente normais e que mesmo quando alterados, a fertilidade ainda pode não ser comprometida, devido a grande eficiência reprodutiva destes animais (Borges et al., Reproductive Toxicology, 63:125-34, 2016). Neste sentido, pode-se concluir que, baseado no presente modelo experimental, não foram observados impactos deletérios sobre a qualidade espermática de animais expostos de forma combinada a antidepressivos.