Morfologia da cloaca de emas Rhea americana Linnaeus, 1758.
Palavras-chave:
Bolsa Cloacal, Coprodeu, Morfologia, Proctodeu, UrodeuResumo
A ema é uma ave da família Rheidae que ocorre no Brasil, é um animal de grande porte com grande aptidão para a criação em cativeiro. Nas aves, a cloaca, é a estrutura comum ao sistemas digestório, urinário e reprodutor, sendo que nas emas a morfologia e organização histológica dessa estrutura cloacal, revela adaptações funcionais complexas. Objetivou-se caracterizar a morfologia da cloaca da espécie com idades de zero, três e seis meses de vida. Os animais foram obtidos do Centro de Multiplicação de Animais Silvestres da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, com base no Parecer 30/2020 da Comissão de Ética Animal. Utilizou-se quatro animais machos, com idades de zero, três e seis meses de vida. A descrição macroscópica da cloaca foi realizada in situ e em seguida foram coletadas amostras para microscopia, que foram analisadas no Laboratório de Morfofisiologia Animal Aplicada. As amostras foram processadas pela metodologia de Tolosa (2003), tendo sido desidratadas em álcoois crescentes, diafanizadas em xilol, parafinizadas, seccionadas e coradas em Hematoxilina-Eosina. Para microscopia eletrônica de varredura (MEV), amostras foram fixadas em glutaraldeído 2,5% (PBS) e processadas segundo Oliveira (2004), tendo sido, pós-fixadas, desidratadas em série alcoólica, metalizadas e analisadas em MEV. Observou-se conectado ao reto, o coprodeu como uma região com mucosa rugosa e pregueada. Acima dele se observa a bolsa cloacal, de aspecto lobulado. O urodeu, porção mais curta da cloaca apresentou forma triangular e composta de pregas e grânulos. O proctodeu, a região mais caudal, apresenta mucosa lisa e com pregas suaves. Microscopicamente verificou-se que o coprodeu é viloso e com revestimento do tipo colunar pseudoestratificado, contendo numerosas células do tipo caliciformes. Este epitélio repousa em um lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo e células linfóides semelhante ao que é descrito para o intestino grosso. Caudo-ventralmente ao coprodeu identificou-se um epitélio linfóide lobular pertencente a bolsa cloacal. Já o urodeu é revestido por uma mucosa de epitélio cilíndrico pseudoestratificado viloso com ápice arredondado e com células produtoras de muco. O proctodeu, por sua vez, tem epitélio cúbico estratificado, disposto em uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo. Ao MEV verificou-se que as microvilosidades do coprodeu são arredondadas, tornando-se porção mais próxima ao urodeu como placas e com estruturas glandulares. As vilosidades do urodeu possuem forma relativamente achatadas e em meio a elas pode ser observada a papila urinária, estrutura queratinizada e com forma pontiaguda. O proctodeu é a porção mais lisa com suposta queratinização. Central e caudalmente a este encontra-se o falo de aspecto enrugado e levemente espiralado. A bolsa cloacal tem superfície composta por lóbulos de diferentes tamanhos e com vilosidades de formas distintas, salvo na região de proctodeu que é lisa. Essas características foram semelhantes em todas as idades. Os resultados sugerem que ao longo do desenvolvimento dos animais não ocorre alterações na morfologia da cloaca, embora maior número de animais precise ser analisado. Ademais, essas análises são importantes, pois podem contribuir para a compreensão de funções digestivas e reprodutivas em atividades e pesquisas relacionadas a manejo.