Como o dimorfismo sexual em anuros varia de acordo com a duração do período reprodutivo das espécies?
Palavras-chave:
Reprodução, Dimorfismo sexual, Semiárido, AmphibiaResumo
A formação de casais em anfíbios anuros pode ocorrer proximidade, sem uma escolha aparente das fêmeas pelos machos, geralmente associado às espécies com reprodução explosiva, ou por seleção sexual, em que as fêmeas escolhem parceiros de melhor qualidade, comumente associado a espécies que apresentam reprodução prolongada. O dimorfismo sexual em anuros pode estar associado a diferentes pressões seletivas que conferiram aos machos características como a presença de membros mais robustos, o que trariam vantagens nas disputas entre rivais. Com isso, buscamos responder como ocorre o dimorfismo sexual em duas espécies de anuros que apresentam diferentes estratégias de acasalamento e, como características dos membros em machos podem estar associadas a diferentes estratégias de acasalamento. Para isso, utilizamos como modelo de estudo uma espécie de anuro com reprodução prolongada, Physalaemus albifrons (Spix, 1824) e uma com reprodução explosiva Rhinella granulosa (Spix, 1824). Medimos o comprimento do corpo, comprimento e largura de membros torácicos e pelvinos. Após retirarmos o efeito do comprimento do corpo sobre as variáveis de tamanho de braços e pernas, o comprimento dos membros torácicos e pelvinos foi maior nos machos de R. granulosa, enquanto que apenas o comprimento do braço e a largura do antebraço foram maiores em machos de P. albifrons do que nas fêmeas. Nossos resultados sugerem que braços maiores nos machos do que nas fêmeas para ambas as espécies podem estar associados a eficiência do amplexo independente do sistema de acasalamento, já que o maior comprimentos dos membros torácicos podem permitir que os machos segurem as fêmeas de forma mais firme durante o amplexo. No entanto, os membros pelvinos maiores em R. granulosa podem indicar que para espécies com reprodução explosiva, ter pernas mais compridas pode ser vantajoso durante a competição com outros machos que tentarem deslocar a fêmea durante o amplexo. Com isso, nosso estudo contribui para a compreensão do dimorfismo sexual relacionado a diferentes estratégias comportamentais de acasalamento em anuros.