Efeito das características criobiológicas da L-prolina e sacarose após a congelação lenta de células somáticas de preás, Galea spixii (Wagler, 1831)

Autores

Palavras-chave:

Roedores silvestres, Biobancos, Criopreservação, Cultivo in vitro

Resumo

Os bancos de células somáticas desempenham um papel fundamental na conservação genética e no desenvolvimento de técnicas de reprodução assistida em roedores silvestres. Em Galea spixii (Caviidae: Galea), um roedor nativo da Caatinga e de importante função ecológica, os primeiros estudos de formação destes bancos foram realizados usando a sacarose como crioprotetor extracelular na solução de criopreservação. Contudo, danos celulares evidenciaram que a sacarose estabiliza parcialmente a membrana celular, mas não reduz o estresse osmótico. Neste sentido, a L-prolina tem sido proposta como um crioprotetor alternativo em virtude especialmente de sua função osmoprotetora. Portanto, o objetivo foi comparar os efeitos criobiológicos da L-prolina e sacarose sobre a viabilidade, atividade proliferativa, metabolismo e estresse oxidativo de células somáticas de G. spixii. Todos os experimentos foram aprovados pelo CEUA/UFERSA (no. 23091.010566/2017-20) e ICMBio (no. 60428-1). Para tanto, células somáticas foram recuperadas a partir de tecidos da pele auricular de seis indivíduos adultos e após cultivo em meio essencial mínimo modificado por Dulbecco (DMEM) acrescido de 10% de soro fetal bovino (SFB) e 2% de solução de antibiótico-antimicótico, a 38,5 °C e 6,5% de CO2. Quando atingiram a quinta passagem e 70% de confluência, as células foram criopreservadas (1,0 x 106 células/mL) por congelação lenta usando o sistema Mr. Frosty e em meio-base (DMEM, 10% de dimetilsulfóxido e 10% SFB) contendo 0,2 M de sacarose ou 5 mM de L-prolina. Células não submetidas à criopreservação foram usadas como controle. Após duas semanas, células foram descongeladas e avaliadas quanto à morfologia usando microscópio invertido, viabilidade pelo ensaio de azul de tripan, proliferação pela determinação do tempo de duplicação da população (PDT), metabolismo pelo ensaio de brometo de (3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio) e nível de espécies reativas de oxigênio (EROs) usando a sonda fluorescente H2DCFDA. Todos os dados foram expressos como média ± erro padrão e analisados por ANOVA e teste de Tukey (P < 0,05). Após seis repetições, nenhuma diferença foi observada quanto à morfologia das células, na qual todas apresentaram prolongamentos citoplasmáticos, compatíveis com fibroblastos. Contudo, células criopreservadas com L-prolina mantiveram a viabilidade similar (88,4% ± 1,8) ao controle (86,7% ± 2,0), sendo apenas a sacarose inferior a todos os grupos (72,3% ± 1,2, P < 0,05). Por outro lado, nenhuma diferença (P > 0,05) foi observada quanto ao metabolismo (controle: 96,6% ± 2,6; L-prolina: 96,6% ± 2,1; sacarose: 94,0% ± 2,0) e PDT (controle: 17,2 h ± 1,8; L-prolina: 19,2 h ± 0,7; sacarose: 21,2 h ± 1,3). Adicionalmente, apenas células criopreservadas com L-prolina apresentaram valores de EROs similar ao controle (1,03 ± 0,5 UFA e 1,00 ± 0,5 UFA, P > 0,05). Em conclusão, L-prolina foi mais eficiente que a sacarose na conservação de células somáticas de G. spixii. Esses resultados representam passos importantes para o estabelecimento de bancos de recursos somáticos nesta espécie, contribuindo para sua conservação e estudos genéticos.

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Biografia do Autor

Alexsandra Fernandes Pereira, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Alexsandra Fernandes Pereira possui graduação em Química pela Universidade Estadual do Ceará (2001-2004, Bolsista CNPq), mestrado (2005-2006, Bolsista CAPES) e doutorado em Ciências Veterinárias (2007-2010, Bolsista CAPES) na mesma instituição, com estágio doutorado-sanduíche (Bolsista CAPES-PDSE) pela Universidade de Buenos Aires, Argentina. Possui pós-doutorado em transgênese animal pelo Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD/CNPq, 2011-2013). Pesquisadora de Produtividade do CNPq - Nível 1D (Área de Medicina Veterinária). Docente Associada, nível 1, do curso de graduação em Biotecnologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPGCA), da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Pró-Reitora Adjunta de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG) da UFERSA. Orientadora de doutorado, mestrado, iniciação científica e supervisora de pós-doutorado. Membro da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embrião (SBTE) e do Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA). Coordenadora do grupo de pesquisa Cultura Celular e Biotecnologia Animal e do Laboratório de Biotecnologia Animal (LBA/UFERSA) onde desenvolve pesquisas na área de Medicina Veterinária com ênfase em biotécnicas aplicadas à conservação e reprodução animal (morfologia, fisiologia celular, reprogramação nuclear, cultivo celular, ativação oocitária artificial, fertilização in vitro e transferência nuclear de célula somática).

Leonardo Vitorino Costa de Aquino, Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Leonardo Vitorino Costa de Aquino possui graduação em Biotecnologia na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA/RN). Neste período, foi monitor na disciplina de Histologia e Embriologia Animal (2017-2019). Além disso, foi bolsista de iniciação científica no Programa de Iniciação Científica Institucional (PICI/UFERSA, 2017-2019). Atualmente, é mestre (2020-2022) e doutorando em Ciência Animal (PPGCA) pela mesma instituição de formação, desenvolvendo pesquisas com ênfase em biotécnicas aplicadas à conservação e reprodução animal (morfologia, fisiologia celular, cultivo celular, reprogramação de células, produção in vitro de embriões, ativação oocitária artificial, fecundação in vitro e transferência nuclear de células somáticas).

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 1: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde: