Sensibilidade in vitro dos microrganismos do conduto auditivo de cães ao óleo essencial do mastruz

Resumo

O canal auditivo dos cães contém uma microbiota nativa, composta principalmente por Staphylococcus spp. e Malassezia spp., que podem causar enfermidades no ouvido dos cães, comuns em clínicas veterinárias, com prevalência de 8% a 15%. A emergência de bactérias resistentes tem aumentado pelo uso excessivo de antibióticos tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária, levando à busca por terapias alternativas, como o uso de óleos essenciais (OE). Um exemplo é o óleo essencial de Dysphania ambrosioides, que contém α-terpineno e p-cymeno, que desempenha um papel antimicrobiano contra várias bactérias patogênicas. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia antibacteriana do OE de Mastruz contra bactérias associadas a infecções de ouvido em cães. Para isso, foram coletadas com um swab, amostras do ouvido de cães com otite, que foram cultivados e identificadas os microorganismos no Laboratório de microbiologia veterinária (LAMIV). O OE foi produzido a partir de flores e folhas de Dysphania ambrosioides coletadas às 7 da manhã na UFERSA, onde foi feito o OE. O inóculo de cada microrganismo foi obtido através de uma segunda semeadura das bactérias em caldo BHI na fase log, na concentração 0,5 da escala de MacFarland, incubadas por 18 a 24 horas. Na microdiluição, foram utilizadas quatro placas contendo 96 poços cada, em cada poço foram adicionados 100μl de caldo BHI. Na diluição do OE, foram misturados 10μl de OE em BHI 100μl, concentração de 1:10. Posteriormente, foi realizada a diluição seriada, perfazendo-se 10 poços (50% a 0,1%). Em seguida, foram adicionados 5μl de suspensão microbiana, inoculados em cada poço, sendo desafiadas frente a várias concentrações do OE, tendo o ciprofloxacino por controle positivo. O crescimento microbiano foi avaliado visualmente e por espectrofotometria em 0 e 24 horas. As amostras que apresentaram inibição de crescimento foram distribuídas na superfície do Ágar BHI e incubadas a 37°C. Os resultados microbiológicos foram analisados usando o teste de Tukey (5%). Foram isoladas seis cepas de Staphylococcus spp e uma Pantoea agglomerans testadas e armazenadas no (LAMIV). Observou-se que a concentração inibitória mínima (CIM) e a concentração bactericida mínima (CBM) do OE variaram de 0,63 a 2,5%. A maioria (71,42%) (5/7) das cepas foi sensível à concentração de 1,25% de óleo essencial, enquanto (14,28%) (1/7) foram sensíveis à concentração de 0,63% e os outros (14,28%) (1/7) foram sensíveis à concentração de 2,5%. O ciprofloxacino apresentou CIM e CBM variando de 1 a 32μg, dependendo da cepa bacteriana, refletindo diferentes mecanismos de resistência. Para Pantoea agglomerans, a CIM e a CBM variaram entre 2,5% e 5,0%. Essa variação indica que a suscetibilidade ao OE pode ser afetada pela variedade genética concentrações efetivas, espectro de ação, concentrações eficazes. Concluímos que o OE de Dysphania ambrosioides L apresentou atividade antibacteriana significativa podendo ser utilizada como alternativa para o tratamento de otites de cães provadas por cepas de Staphylococcus spp e uma cepa de Pantoea agglomerans.