Razão e Emoção nas decisões financeiras: uma análise da produção acadêmica
Palavras-chave:
Racionalidade, educação financeira, risco, emoções.Resumo
O presente trabalho tem como objetivo mapear a produção acadêmica nacional e internacional sobre o papel da racionalidade e das emoções no processo de tomada de decisão financeira nas organizações. Embora os modelos econômicos tradicionais considerem os indivíduos como racionais e maximizadores de utilidade, a realidade das decisões financeiras revela uma complexidade que desafia essa premissa (IIDA, 2021). As decisões financeiras nas organizações são frequentemente influenciadas por vieses cognitivos, fatores subjetivos e emocionais, o que sugere que tais decisões não podem ser simplesmente classificadas como racionais. A metodologia utilizada caracteriza-se como descritiva, com foco na descrição das características da produção científica sobre o tema. A pesquisa se baseou em uma análise bibliométrica, utilizando métricas para avaliar as produções científicas relacionadas. Para tanto, foram realizadas buscas de artigos publicados na base de dados da Web of Science (WoS), acessada por meio do portal do Periódico Capes. Duas sintaxes de busca foram formuladas: a primeira focou na interseção entre emoções ou racionalidade e finanças comportamentais, resultando em 463 artigos, enquanto a segunda focou em emoções ou racionalidade e decisões financeiras, totalizando 279 artigos. Por meio da análise de palavras-chave, foram identificados 85 termos relevantes, que foram agrupados em três clusters temáticos. O primeiro cluster, relacionado a finanças comportamentais, destaca a conexão entre emoções, tomada de decisão financeira e fatores subjetivos, evidenciando como aspectos como educação financeira, risco e conhecimento influenciam as escolhas dos indivíduos. O segundo cluster aborda os processos psicológicos e neurais envolvidos na tomada de decisão, enfatizando o papel das emoções, como raiva e ansiedade, e suas influências sobre a avaliação de riscos. Este cluster sugere que as emoções podem levar a decisões impulsivas e a comportamentos financeiros prejudiciais, enfatizando a necessidade de considerar as variáveis emocionais na análise das decisões financeiras. Por fim, o terceiro cluster reflete uma abordagem mais analítica e racional, tipicamente associada às finanças clássicas, onde os conceitos centrais incluem risco, estrutura de capital e retorno. Neste cluster, a ênfase está na análise lógica e objetiva, na maximização dos retornos e na consideração de dados e métricas estatísticas. A conclusão do estudo destaca que as decisões financeiras nas organizações não podem ser compreendidas isoladamente sob a perspectiva da racionalidade tradicional ou das finanças comportamentais. A pesquisa revela uma interconexão significativa entre aspectos racionais e emocionais no processo decisório, confirmando que as decisões financeiras são híbridas, integrando tanto elementos racionais quanto emocionais. Essa interligação sugere que, na prática, os indivíduos não se baseiam apenas em cálculos racionais ou impulsos emocionais; em vez disso, as decisões muitas vezes são influenciadas por uma combinação de ambos os fatores. Para futuras pesquisas, é recomendado explorar mais a fundo como essas interações podem ser modeladas, a fim de aprimorar a previsibilidade e a eficiência das decisões financeiras nas organizações, especialmente em contextos de alta incerteza e volatilidade.