A influência dos vieses comportamentais no entrincheiramento gerencial

Autores

Palavras-chave:

Entrincheiramento gerencial, Vieses comportamentais, Excesso de confiança, Otimismo

Resumo

Ao observar as organizações componentes do mercado, nota-se que alguns de seus funcionários, sobretudo os que ocupam cargos de gerência, tendem a permanecer em suas funções por tempo indeterminado; ao fenômeno que se refere a essa permanência prolongada de gestores em seus cargos, muitas vezes motivada pelo medo de novas experiências e consequências, dá-se o nome de “entrincheiramento gerencial”, este, pode resultar na centralização de poder e de influência sobre as decisões, se tonando prejudicial a empresa. Além do receio de assumir novas experiências e riscos, gestores entrincheirados costumam ter como motivações para isso a proteção e segurança da posição atual, os levando a priorizar a manutenção de seus cargos. Essa busca por estabilidade pode levar à tomada de decisões que visam, primordialmente os benefícios próprios, ao invés dos interesses da organização, assim, os gestores passam a agir seguindo suas tendências e inclinações pessoais, seus vieses. O excesso de confiança, caracterizado principalmente pela superestimação da capacidade de julgamento, atrelado ao otimismo em excesso que superestima as próprias habilidades, podem culminar na ignorância de ameaças e subestimação de riscos. A presente pesquisa teve como foco analisar a relação entre esses vieses comportamentais em particular (excesso de confiança e otimismo), e o entrincheiramento gerencial, buscando compreender como eles influenciam as decisões dos gestores e, por conseguinte, sua permanência nos cargos. A metodologia da pesquisa foi dividida em uma parte descritiva e explicativa, composta por um questionário aplicado à 151 gestores e, utilizando escalas já validadas foi possível aferir o grau de intensidade dos vieses comportamentais e do entrincheiramento gerencial nos respondentes. A segunda parte, consistiu em uma análise dos dados por meio do modelo de regressão linear múltipla, buscando determinar a relação entre as variáveis incluindo suas subcategorias que estão presentes em cada empresa para com o seu gestor: autonomia, hierarquia e liberdade. Segundo à análise dos resultados, o excesso de confiança apresentou uma relação positiva com o entrincheiramento gerencial geral, ou seja, gestores mais confiantes tendem a buscar a permanência em seus cargos, objetivando autonomia e poder, pois, a confiança excessiva ocasiona a ilusão de controle, incentivando a busca por maior poder e status; já o excesso de otimismo, tem uma relação negativa com o entrincheiramento gerencial de modo geral, exceto no caso do entrincheiramento de liberdade, pois, a superestimação das capacidades e a subestimação dos riscos, podem levar a decisões precipitadas e prejudiciais à empresa, podendo ocasionar a perda de confiança por parte dos superiores, diminuindo as chances de manutenção do cargo; já no entrincheiramento de liberdade, esse viés pode ser visto como uma qualidade, pois, demonstra apreço em assumir responsabilidades e enfrentar desafios. Em resumo, a pesquisa conclui que ambos os vieses comportamentais podem ter um efeito negativo ou positivo, dependendo do tipo de entrincheiramento, ou seja, os dois influenciam fortemente na tomada de decisão dos gestores, uma vez que essas atribuições pessoais os tornam mais ou menos independentes e submissos, os configurando assim, em diferentes graus de autonomia, hierarquia e liberdade.

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Publicado

07-01-2025

Edição

Seção

Núcleo 3: Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas, Linguística, Letras e Artes